A segunda parte da pesquisa “Pais e Professores – Educação na Pandemia Covid-19”, realizada pelo Comitê Popular Estadual de Acompanhamento a Crise Educacional no RS e Associação Mães & Pais Pela Democracia, indica que 89% das mães, pais e responsáveis consideram importante que o Estado forneça uma vacina gratuita e em massa para o retorno presencial às escolas em Porto Alegre.
Os dados foram apresentados na sexta-feira, 07/08, ao vivo, na página no Facebook da Associação Mães & Pais Pela Democracia com transmissão simultânea pela página do Simpa e demais entidades que integram o Comitê.
“As mães e pais avaliam que os estudantes só devem voltar às aulas com vacina, testes de sintomáticos e em massa e redução dos casos de Covid por 14 dias consecutivos”, explica a socióloga Aline Kerber, presidenta da Associação Mães & Pais Pela Democracia e uma das responsáveis técnicas pela pesquisa.
O levantamento mostrou também que mais de 70% dos que responderam ao questionário não aceitam e não veem o rodízio de alunos como medida suficiente para evitar aglomeração, “seja pela precariedade já conhecida, seja pela falta de profissionais para limpeza e falta de professores.”
A segunda etapa da pesquisa colheu a opinião de 1.191 mães, pais e responsáveis sobre a educação durante a pandemia entre os dias 23 e 28 de julho através de um questionário online. A terceira e última parte será tornada pública na próxima semana.
Fragilidade da RME
A diretora do Simpa, Cindi Sandri, destacou que os resultados da pesquisa demonstram a fragilidade da Rede Municipal de Ensino de Porto Alegre, fruto do desmonte produzido pelos gestores há mais de uma década. “É muito triste ver esta realidade em uma rede que já foi referência internacional. O maior desafio é fazer com que os gestores dialoguem, dentro de uma perspectiva de construção coletiva de soluções para este momento de pandemia que estamos vivendo. Se isso acontecer, será o diferencial do cenário”.
Ela enfatizou que em Porto Alegre, “Marchezan administra através de decretos, sem construção com os sujeitos da rede. Os dados apresentados na pesquisa facilitam a leitura do mundo em que está inserida a RME, um mundo praticamente invisível para os gestores, que insistem em propor a utilização de uma ferramenta que a comunidade escolar não tem acesso”.
Cindi reforçou denúncias que vêm sendo feitas por educadores e pelo Simpa ao longo dos últimos quatro anos: “desde o início, o governo Marchezan não tem uma proposta de construção pedagógica. Não tem proposta também para este momento de pandemia. O que existe é uma iniciativa dos trabalhadores em educação para manter o vínculo com a escola até que as aulas possam ser retomadas. Ao pedido dos trabalhadores para articulação da RME com a Saúde e a Assistência Social, a resposta do governo foi fechar unidades de saúde e sonegar alimentação”.
Ela finalizou ressaltando: “o nosso problema agora não é a ‘volta às aulas’, mas garantir a vida da população, daqueles que precisam de comida, de atendimento, dos trabalhadores da Prefeitura, que precisam de protocolos, EPIs e testagem para preservar a sua vida também.”
Órgãos de controle
O diretor de Controle e Fiscalização do TCE, Leo Richter, ressaltou a importância de se formalizar planos de ação e gabinetes de crise da educação. “Os protocolos de higienização exigem um maior número de profissionais nas escolas e um recurso maior para insumos de higiene. A pesquisa se aproxima muito da realidade e deve ser levada ao conhecimento dos órgãos gestores e conselhos”.
Richter apontou ainda que “a pandemia despertou o olhar para a importância dos órgãos de controle social, externo e judicial, além dos gestores públicos e representações dos profissionais, pais e alunos. Para fazer um plano de ação é preciso dialogar, ouvir todos os lados”.
CONFIRA O EXTRATO DA PESQUISA – PARTE II
Reforço escolar
>> A maioria (76%) concorda ou concorda em parte sobre a necessidade de reforço escolar, o que é maior na rede municipal (86%).
Perda do ano letivo
>> A maior parte discorda (48,6%), sobretudo na rede privada (71,1%). 52,3% da rede municipal concordam com essa afirmação.
Perda de Interesse
>> A maioria concorda ou concorda em parte (63,3%) com essa afirmação, percentual maior ainda na escola pública municipal (72,8%).
Atendimento psicossocial
>> 41,8% acha muito importante e 33,4% acham importante atendimento psicossocial Maioria em todas as redes, destaque para alunos de escolas públicas estaduais (52,4%).
Exigências para a volta às aulas
>> 89% quer vacina – considera de suma importância (gratuita e em massa). 81% na rede privada – risco – pressão.
>> 86,5% acham muito importante máscara e álcool em gel para toda comunidade escolar.
>> 83% quer redução dos casos por 14 dias – considera de suma importância. 79,4% rede municipal – risco do “cuida-se” (22% deixam filhos sozinhos). 81% na rede privada – risco – pressão.
>> 81,5% quer testes na comunidade escolar (sintomas) – considera de suma importância • 73,9% na rede privada – risco – pressão – CONCEPÇÃO DE ESTADO.
>> 72,4% quer testes em toda comunidade escolar – considera de suma importância • 62% na rede privada – risco – pressão – CONCEPÇÃO DE ESTADO.
Estrutura de volta às aulas
>> 47,4% NÃO concordam que as aulas devem retornar com mais professores e mais funcionários, exceto na rede estadual em que a maioria (53,6%) concorda com a afirmação.
Conteúdo de volta às aulas
>> 41,6% concordam que os conteúdos das aulas online devem ser repassados presencialmente assim que a pandemia acabar – a maioria na rede municipal e na rede estadual versus 27% na rede • 33,7% concordam em parte e na rede privada é de 44%.
Ordem de retorno às aulas
>> A maioria quer esta ordem de volta às aulas quando houver condições:
1º Ensino Superior
2º Ensino Profissionalizante
3º Ensino Médio
4º Ensino Fundamental II
5º Ensino Fundamental I
6º Educação Infantil
Calendário de volta às aulas
>> 40% concordam que ano escola deve seguir e os conteúdos devem ser recuperados assim que possível • Quem discorda tá mais na rede municipal, talvez por insatisfação com o ensino/aprendizado apresentado e barreiras (apagão educacional).
>> 45,5% NÃO concordam que as aulas iniciem aos poucos, todavia a maioria na rede pública municipal e estadual acha válida a proposta.
>> 45,6% não concordam com o retorno de algumas matérias, mas na rede privada a maioria dos pais concorda ou concorda em parte.
>> 74,5% não concordam com o retorno com rodízio de alunos para evitar aglomeração na sala de aula.
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VEJA A PESQUISA COMPLETA:
Pesquisa Educação Na Pandemia Da COVID 19 Resultados Preliminares Pesquisa II Coletiva
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