Pesquisa mostra desigualdades na educação e situação das comunidades na pandemia

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Na manhã desta sexta-feira, 31/07, o SIMPA transmitiu, ao vivo, em sua página no Facebook, a apresentação da primeira parte de pesquisa, produzida pela Associação Mães e Pais pela Democracia e pelo Comitê Popular Estadual de Acompanhamento da Crise Educacional no RS, que buscou mapear as necessidades e impactos da pandemia e as condições de segurança para a volta às aulas.

 

Esta primeira parte do levantamento engloba a opinião de mães, pais e responsáveis por alunos. A segunda parte trará uma complementação, com a opinião dos professores e deverá ser apresentada no dia 07/08. A previsão é que o relatório final seja tornado público em 31/08. A partir daí, será levado a todos os órgãos públicos.

 

O SIMPA compõe o Comitê, juntamente com CPERS, UEE, ASSERS, FAMURS, UNDIME, ADUFRGS, ANDES UFRGS, UNCME, UEIFRS, ANPG e AOERGS.

 

Desigualdades escancaradas

 

Na avaliação da socióloga Aline Kerber, integrante do Comitê e presidente da Associação e uma das responsáveis técnicas pelas pesquisa, “já nas primeiras análises foi possível perceber que estamos em um momento de apagão educacional tanto nas redes públicas como na rede privada”. Durante a live, ela destacou que “as desigualdades foram escancaradas” e que “a escola não pode ser aquela que exclui”, mas deve ser aquela que “promove o direito à educação a todos e todas”, sendo “o principal palco de contato com a diversidade e com os valores plurais e justos”. Para ela, “há uma flagrante elitização da educação”, sobretudo do ponto de vista do uso das tecnologias.

 

Daniel Momoli, um dos articuladores do Comitê, apontou: “a nós, como Comitê, cabe o compromisso de debater ações de redução dos efeitos ocasionados pela pandemia, principalmente diante de medidas que são tomadas de maneira unilateral e sem escuta”. Ele destacou ainda que não é possível aceitar que as medidas que estão sendo adotadas pelos governos “sejam feitas sem um diálogo amplo com a sociedade porque elas trazem ainda mais prejuízos às crianças e aos estudantes”. E concluiu: “Como Comitê, entendemos que qualquer decisão sobre o retorno presencial às aulas deve ser deliberado com a participação de toda a comunidade escolar, acadêmica e universitária, dentro de uma articulação intersetorial”.

 

Para Cindi Sandri, diretora do Simpa, “os governos, principalmente o municipal de Porto Alegre, não têm disposição de diálogo. Essa pesquisa cobre essa lacuna ao trazer informações que a Prefeitura não disponibiliza”, de maneira a possibilitar um melhor entendimento da realidade educacional. “O diálogo é necessário tendo em vista a responsabilidade que os educadores têm com a preservação da vida, o que vai além do uso dos EPIs”.

 

A diretora também colocou que a pesquisa mostra as desigualdades presentes na vida da comunidade escolar da rede municipal e deixa claro que “não é verdade que 92% dos alunos teriam acesso à plataforma Cortex, conforme a Prefeitura tem sustentado. Nos preocupa profundamente a falta de compromisso desse governo com a vida e a ausência de diálogo e de relação com a comunidade escolar”.

 

O que mostra a pesquisa

 

Conforme apontado pela pesquisa, 53% das famílias afirmaram que a renda da casa diminuiu e  27% estão em situação de desemprego. Outro dado preocupante é que 22%  das famílias dizem deixar os filhos sozinhos em casa e 13% mencionam que os  filhos ficam com familiares, amigos ou vizinhos maiores de 18 anos.

 

A pesquisa apontou ainda que “59% dos alunos das escolas estaduais e 47% das municipais dizem ter computador, enquanto na rede privada, mais de 96% dos estudantes possuem”.  Ao todo, 80% das pessoas que responderam dizem ter acesso à internet wifi e 43,5% têm internet no celular. “Mas, quando observado de forma segmentada, nas escolas municipais isso significa que apenas 14% dos estudantes têm banda larga, na rede estadual chega a 20%, enquanto na rede privada 49% dos estudantes têm banda larga”.

 

Os dados divulgados mostram ainda que 22% das famílias afirmam ter algum filho sem aula na rede municipal neste momento, enquanto na rede estadual este número cai para 13%. “Já na rede privada, 93% afirmam que seus filhos têm aula neste momento, evidenciando a desigualdade do acesso à educação, principalmente dos estudantes das redes públicas em Porto Alegre”.

 

A coleta de dados foi feita entre 23 e 28 de julho de 2020 por meio de pesquisa online com questionário estruturado. O nível de confiança da pesquisa é de 95% e a margem de erro máxima é de quatro pontos percentuais de cada pesquisa. A primeira parte colheu a opinião de 1.191 pessoas; a segunda, deverá abarcar o universo de 1.006 professores, diretores, supervisores e orientadores.

 

Com informações do Comitê Popular Estadual de Acompanhamento da Crise Educacional no RS.

 

Veja abaixo a íntegra da pesquisa

Pesquisa Educação Na Pandemia Da COVID 19 Resultados Preliminares Pesquisa I Coletiva

Assista aqui a live de divulgação dos dados:

Tags: CoVID-19, Educação, ForaMarchezan, municipários, PortoAlegre, ServiçoPúblicoSalvaVidas, simpa, sindicato, Trabalhadores

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