Empresa selecionada por Marchezan para a Saúde foi banida de SC

A SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina), que venceu a concorrência para assumir a gestão dos pronto-atendimentos Bom Jesus e Lomba do Pinheiro, teve contratos cancelados pelo estado de Santa Catarina, quando foi responsável pelo Hospital Florianópolis, o Hospital Regional de Araranguá e pela gestão do Samu. Esta é a “inovação” que o prefeito Marchezan quer trazer para Porto Alegre.

 

Em fevereiro de 2018, a Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina encerrou o contrato com a empresa por problemas recorrentes, como falta de remédios e itens básicos (papel-toalha e sabonete líquido) e estrutura física sem manutenção, com goteiras em dias de chuva. No hospital, pacientes ficavam internados até em poltronas por causa da falta de leitos.

 

Na última sexta-feira, 14, foi publicado no Diário Oficial de Porto Alegre o resultado preliminar da concorrência para determinar qual empresa faria a administração dos dois pronto-atendimentos. A SPDM venceu e, se o processo for homologado, a entidade receberá R$ 3,86 milhões mensais para gerir e operar os PAs da Bom Jesus e da Lomba.

 

Ataque ao SUS e à vida

 

Ainda que o poder público catarinense possa ter responsabilidade pelo ocorrido, também ficou demonstrado que a entidade tem histórico recente de não cumprimento de contrato, o que gerou prejuízo aos usuários, exemplificando, mais uma vez, como as terceirizações são nocivas, especialmente no caso da saúde.

 

O Simpa está tomando iniciativas jurídicas e administrativas contra mais este ataque ao SUS e ao controle social. Afinal, ao colocar pessoas jurídicas de âmbito privado para gerir espaços públicos, a gestão municipal está agindo no sentido de entregar um bem público a terceiros, portanto fora da estrutura do SUS, e inviabilizando o controle social feito por meio do Conselho Municipal de Saúde.

 

Conforme a Constituição e a legislação vigente, as terceirizações somente são admissíveis quando houver real necessidade e devem ser usadas apenas de maneira complementar (e não em substituição ao serviço público). Além disso, o poder público, ao buscar a terceirização, deve levar em consideração princípios como o da economicidade – ou seja, o valor do serviço deverá gerar um dispêndio menor de verbas do que o aplicado diretamente pelo gestor público pelo mesmo serviço.

 

São muitos os exemplos a demonstrarem o quão desastroso tende a ser o serviço terceirizado, justamente por se tratar de algo que sai do alcance do controle social e por ser um serviço que em geral leva em conta o lucro e não a vida. O caso Sollus, denunciado em 2007 pelo Conselho Municipal de Saúde, gerou um rombo superior a R$ 11 milhões. Mais recentemente, o caso do Gamp, em Canoas, que desviou pelo menos R$ 40 milhões de verba pública para a saúde, também expôs como essa modalidade de serviço facilita desvios dessa natureza.

 

 

Veja aqui reportagem veiculada em TV de Santa Catarina sobre a SPDM 

 

 

Leia também:

 

Caso Sollus: decisão em favor do município só foi possível graças ao Conselho Municipal de Saúde

Simpa apresenta denúncia ao MP sobre contrato com terceirizada “Competência”

Por unanimidade, CMS aprova relatório contrário às terceirizações

MP dá 48 horas para que SMS explique processo de terceirização de pronto-atendimentos

 

 

Mais notícias

GOVERNO MELO APRESENTA “NOVA PROPOSTA” EM REUNIÃO DE NEGOCIAÇÃO

A data-base 2024 foi pauta de nova reunião agendada pelo…

REUNIÃO DO SIMPA COM GOVERNO MELO SERÁ HOJE

Confirmada reunião de negociação da Data-Base 2024 do Governo Melo…

Ato e caminhada denunciam descaso de Melo com a cidade e categoria municipária

Em luta pela data-base 2024, a categoria municipária de Porto…