Abertura da 9ª Conferência Municipal de Saúde defende o SUS público e universal

 

A 9ª Conferência Municipal de Saúde de Porto Alegre iniciou com uma charanga que deixou o seu recado: saúde não é mercadoria. O bloco, que teve bateria, fantasia e cartazes, foi organizado e contou com a participação do Conselho Municipal de Saúde, do Simpa, de servidores públicos e de usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).

 

Reunidos em frente à Secretaria Municipal de Saúde, o grupo seguiu em caminhada até o salão de atos da UFRGS para participar da abertura oficial da Conferência. A animação foi grande e entre os diversos cânticos cantados pelo grupo se ouvia expressões reforçando a importância do SUS e que direito garantido não pode ser vendido.

 

No percurso, carros buzinavam em apoio e na chegada à Universidade outros participantes da Conferência se somaram ao grupo. Sandrinha, usuária do SUS, inclusive criou a paródia: “Eu só quero é ser feliz e andar tranquilamente na cidade onde eu nasci. E poder me orgulhar, dizer que o SUS é nosso e ninguém vai nos tirar”.

 

Alexandre Bublitz, diretor do SIMPA, aproveitou o momento para lembrar que “o SUS foi construído a muitas mãos, junto ao povo, junto aos trabalhadores. A conferência de saúde que inicia hoje é o principal local em que a população, usuários e trabalhadores são ouvidos. É o controle social à frente da luta por um SUS melhor, por mais saúde, por diretos e contra as terceirizações”.

 

E João Ezequiel, diretor do SIMPA, destacou que “A 9ª Conferência Municipal de Saúde vem em um momento muito importante, em que o SUS em Porto Alegre vem sendo muito atacado, então nós precisamos fortalecer o controle social pela população e reestatizar os serviços que foram terceirizados”.

 

O evento realizado no salão de Atos da UFRGS teve a apresentação do grupo “Nau da Liberdade”, composto por usuários, trabalhadores e estudantes da Saúde Mental que também estiveram presentes na Charanga. O momento além de cultural foi emocionante, com relatos sobre a luta dos usuários de saúde mental por direitos desde a década de 1990. Ao final da apresentação, o público aplaudiu de pé o grupo.

 

Na sequência, o evento contou com a primeira mesa que abordou o tema geral da 9ª Conferência: “Garantir direitos e defender o sus, a vida e a democracia – amanhã vai ser outro dia”. A mesa foi composta por Lídia Albuquerque, representando os usuários do SUS; Tiana Brum de Jesus, representando os funcionários da Saúde e o Conselho Municipal de Saúde; César Sulzback, secretário adjunto da secretária municipal de saúde; a deputada Daiana Santos representando a Câmara Federal; o deputado Matheus Gomes pela Assembleia Legislativa do RS; o vereador Aldacir Oliboni pela Câmara de Vereadores de Porto Alegre; Fernando Pigatto, coordenador do Conselho Nacional de Saúde; Carlos Duarte do Conselho Estadual de Saúde; e um representante da UFRGS que sedia o evento.

 

“Essa conferência é um momento de alimentar a nossa alma e reconstruir os nossos territórios, respeitando cada pessoa que hoje está aqui. Precisamos de trabalhadores que possam estar presentes na comunidade e criar vínculos, porque vínculo cura. É tempo de reconstruirmos o SUS”, destacou Tiana Brum de Jesus, coordenadora do Conselho Municipal de Saúde em referência crítica à entrega dos postos de saúde para empresas privadas.

 

Já César Sulzbach, Secretário Municipal de Saúde Adjunto, se pronunciou em nome da administração municipal e foi vaiado pelo público ao falar do prefeito Melo. Enquanto ele falava da importância da Conferência como espaço de participação e que os servidores da saúde foram importantes durante a pandemia, muitas pessoas se manifestaram cobrando que agora ele quer valorizar, porém realizou demissões e terceirizações justamente naquele período e segue sem valorizar os trabalhadores. Ao comemorar a taxa de vacinação de Porto Alegre contra a COVID-19, uma pessoa no público gritou lembrando que isso não se deve ao governo que tentou aprovar projeto de Lei para distribuição de Cloroquina.

 

Atualmente, mais de 96% da atenção básica de saúde em Porto Alegre está terceirizada e as denúncias recebidas pelo SIMPA, bem como as vistorias realizadas, constataram a precarização, através dos baixos salários dos trabalhadores que atendem a população e do serviço prestado, onde se prioriza o número de atendimentos ao invés da qualidade do serviço. Também se constatou o desrespeito das empresas à diretrizes do SUS e aos mecanismos de controle social, como são os Conselhos. Por isso o SIMPA defende que o SUS seja gerido pelo poder público, com servidores e servidoras públicos, que permaneçam nos territórios e criem vínculo com a população.

 

A programação da Conferência segue até sábado, dia 25/3, e pode ser conferida aqui:  PROGRAMAÇÃO

Tags: #SaúdeNãoÉMercadoria, #SimpaSindicato, #TerceirizaçãoNão, municipários, poa, Porto alegre, Saúde, serviçopúblico, Servidores, simpa, sindicato

Mais notícias

MELO DESRESPEITA DIREITOS E DEIXA REDE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL CHEGAR AO COLAPSO

Antes mesmo da enchente, a política de assistência social de…

SIMPA E ATEMPA COBRAM SMED PARA NOMEAR PROFESSORES CONCURSADOS

As direções do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa)…

JUSTIÇA DETERMINA QUE SNDICALIZADOS DO SIMPA TENHAM PAGAMENTO DOS CONSIGNADOS DO BANRISUL SUSPENSOS POR 4 MESES SEM JUROS E ENCARGOS

Diante dos juros abusivos cobrados pelo Banrisul para o empréstimo…