SIMPA DENÚNCIA PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO E DO ATENDIMENTO À POPULAÇÃO NO CENTRO DE SAÚDE MODELO
O Centro de Saúde Modelo, localizado na Rua Jerônimo de Ornelas, no bairro Santana, como o próprio nome sugere, deveria ser uma referência em termos de estrutura e de atendimento à saúde em Porto Alegre. Porém, a realidade é bem diferente. Assim como a maioria dos demais serviços de saúde da capital gaúcha, o “Modelo” convive com a precarização das condições de trabalho, que tem impacto direto no atendimento à população.

Durante diligências realizadas na quinta e na sexta-feira (30 e 31/1) da semana passada, o Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa) constatou um ambiente de stress contínuo no local, em função da falta de profissionais e da deterioração do prédio. A procura dos usuários pelos serviços de saúde é muito maior que a capacidade de atendimento do “Modelo”, o que gera reclamações e, por vezes, até atitudes mais agressivas por parte de pacientes ou familiares.

Atualmente, o “Modelo” não lembra em nada o Centro de Saúde inaugurado em 1941, considerado referência em termos de medicina preventiva, vacinação e tratamento da tuberculose. Deteriorado pelo tempo e pela falta de manutenção, o telhado está infestado de pombos e de ninhos. Quando chove, algumas salas ficam alagadas por conta da água que escorre do teto, misturada às fezes dos pombos, violando princípios elementares das práticas da área da saúde.

Na enfermagem, além de equipes incompletas, os Técnicos de Enfermagem são obrigados a trabalharem sem a supervisão de Enfermeira durante o turno estendido até às 22h. Neste período, o “Modelo” atende pacientes de todos os bairros da cidade e muitos deles são casos graves. A rotina de trabalho imposta pela atual gestão infringe as diretrizes da profissão, que é regulamentada pelo COREN e pelo COFEN, colocando em risco o atendimento dos usuários.

No ano passado, um paciente morreu no posto, vítima de enfarto, devido a redução no número de servidores e a falta de equipamentos adequados. Além da demanda maior que a capacidade, também faltam informações aos usuários. Em função do horário de funcionamento, os pacientes deduzem que o Centro de Saúde funciona como pronto atendimento.

De acordo com o Simpa, a situação do Centro de Saúde Modelo serve de alerta para os riscos da precarização das condições de trabalho, com consequências tanto aos pacientes quanto para profissionais. O Simpa vai solicitar reunião com a coordenação do Centro de Saúde Modelo e também com a Secretaria Municipal de Saúde. Caso a situação não seja resolvida, o sindicato pretende levar a questão a outras instâncias.