Smed e SMS ignoram realidade da rede municipal de educação e sustentam haver segurança para a retomada das atividades presenciais

O secretário municipal da Educação, Adriano Brito, e o adjunto da Saúde, Natan Katz, realizaram live nesta quinta-feira, 26/11, para tentar mostrar que há segurança no ambiente escolar para a retomada das atividades presenciais, mesmo com o município em bandeira vermelha e com o evidente aumento dos casos na cidade e no estado.

 

O atual índice de ocupação das UTIs na capital gaúcha é o maior em 34 dias. Nesta quarta-feira, 91% dos leitos disponíveis na cidade estavam ocupados. Também é crescente o número de casos confirmados: a média móvel de novas infecções entre a semana passada e a retrasada foi de 456 casos diários, a maior desde a segunda quinzena de agosto, conforme noticiado pela Zero Hora no dia 25/11. Conforme dados obtidos pelo Simpa, desde 20 de outubro, 52 EMEFs e 37 EMEIs comunicaram, ao todo,  345 casos de Covid-19 com sintomas.

 

Ainda assim, na peculiar avaliação das secretarias, há segurança na educação. “Se necessário fechamos outros setores, mas não a educação”, disse Brito.

 

Sem demonstrar claramente qual a situação das escolas da rede municipal de ensino e somando dados das redes privada e pública, a live, na verdade, serviu mais para fazer uma propaganda das pseudo-ações da prefeitura do que propriamente abrir um canal de diálogo e transparência.

 

Durante o evento on line, as falas foram concedidas apenas para representantes do setor privado e do sindicato patronal que se concentraram em apoiar, corroborar e parabenizar a gestão, numa clara demonstração de adulação descolada da realidade da RME. Nenhuma instituição ou representante dos servidores públicos da educação foi convidado a fazer uso da palavra.

 

No bate-papo da live, no entanto, pulularam críticas e questionamentos à ação da Prefeitura. Os expectadores — boa parte professores e trabalhadores do setor público municipal — colocaram em xeque a real situação das escolas municipais e a atuação da prefeitura para garantir que haja, de fato, segurança sanitária. Foram questionadas a falta de fiscalização adequada e de funcionários para fazer higiene das escolas, a ausência de de diálogo por parte da Smed para construir o processo de reabertura de maneira conjunta com os servidores, a não entrega de cesta básica para os alunos, entre outros apontamentos. Tais questionamentos foram sumariamente ignorados pelos representantes da Prefeitura.

 

O Simpa segue reafirmando que a retomada presencial das atividades escolares prescinde de diálogo, construção coletiva e, principalmente, condições sanitárias e estruturais que ofereçam, de fato, segurança em saúde para toda a comunidade escolar. Misturar a realidade das escolas privadas com as públicas e ignorar a falta de condições da RME é uma forma de tentar impor uma visão de cidade que claramente não condiz com a realidade e que coloca em risco a saúde de centenas de pessoas.

Tags: #EscolasFechadasVidasPreservadas, Coronavírus, CoVID-19, Educação

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