Simpa participa de ato em defesa da Redenção

Simpa participa de ato em defesa da Redenção

 

O Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa) participou de um protesto, no final da tarde de domingo (12/2), contra o processo de privatização/concessão da Redenção. A atividade foi promovida pelo Coletivo Preserva Redenção e contou com apoio do grupo Roda de Capoeira Angola do Chafariz. Em função da falta de orientação e de fiscalização dos órgãos da Prefeitura, na semana passada (9/2), os permissionários do Complexo Refúgio do Lago (espaço gastronômico que ocupa uma área dentro do Parque Farroupilha, concedido pela Prefeitura em 2022), utilizaram, de forma inadvertida, armadilhas para capturar gambás que teriam entrado no espaço destinado aos clientes.

 

“Sou moradora do entorno e freqüento a Redenção há bastante tempo. O Coletivo surgiu para contrapor ao projeto de concessão da prefeitura e defender o parque”, argumentou Camila Casarotto, publicitária, mestranda em Museologia e Patrimônio pela UFRGS. Ingrid Moldt, que é defensora de animais, flora e fauna, enfatizou a falta de orientação por parte da Prefeitura para os concessionários. “Sou freqüentadora do parque há muito tempo e no momento que a prefeitura concede um espaço no parque e a concessionária acessa uma área de mata, era necessário um estudo do impacto que seria causado e teria que se adequar ao lugar. Não podem tratar os animais como invasores. A gente não pode permitir que as concessões passem por cima da vida”, alertou. Já a médica Loise Smaniotto critica a prefeitura pela falta de diálogo. “O projeto de concessão do Melo é questionável e muito autoritário porque não existe diálogo nesta prefeitura. Eles simplesmente fazem o que bem entendem. Eu vejo muitas pessoas apoiando essa prefeitura e esse projeto de privatização. Não se enganem, não é positivo!”, resumiu Loise.

 

RODA DO CHAFARIZ
O contra-mestre Jean, da Roda de Capoeira Angola do Chafariz da Redenção, lembrou da importância histórica da Redenção. “Aqui é um território negro da primeira colônia africana, é uma retomada de território. Pra nós é muito importante que tenha todos os tipos de manifestação neste parque, que ele continue público, que não seja cercado, que continue com a diversidade e que não privatize espaços dentro do Parque”, disse.

 

ENTENDA O CASO
Na quinta-feira da semana passada (9/2), integrantes do Coletivo observaram a presença de armadilhas para captura de gambás e mãos peladas. Imediatamente, encaminharam denúncia aos órgãos competentes e organizaram um ato no final da tarde. De acordo com informações dos próprios integrantes do estabelecimento comercial, a captura estava sob responsabilidade de uma empresa de dedetização. Os animais seriam levados para outra localidade. Após a denúncia, a Secretaria do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade de Porto Alegre (Smamus) notificou a empresa a retirar as armadilhas.

 

CRIME AMBIENTAL
A bióloga e Mestre em Biologia Animal pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Hosana Piccardi, que integra o Coletivo Preserva Redenção, adverte que a captura e a remoção dos animais é considerado crime ambiental. “Ainda que a intenção dos permissionários tenha sido, segundo eles próprios, a de proteger os animais, tal situação jamais deveria ocorrer e que os proprietários do Refúgio do Lago não podem ficar manejando, circulando com os animais silvestres, sem que tenham uma autorização, inclusive de transporte”, ponderou Hosana.

 

Por meio de nota, a Smamus informou que notificou o Complexo Refúgio do Lago quanto à colocação de gaiolas para captura de animais silvestres e o estabelecimento se prontificou a retirar os equipamentos. O órgão afirmou que orientou para que os restaurantes mantenham bem fechadas as lixeiras para que os animais não se aproximem em busca de comida. O documento reforça a importância e a necessidade de preservação da fauna e flora das áreas verdes de Capital, como forma de garantir o equilíbrio dos ecossistemas locais; e reitera que o manejo de animais silvestres é proibido, conforme Art. 29 da Lei 9605/98.

 

EM DEFESA DOS PARQUES E DOS ESPAÇOS PÚBLICOS
Os diretores do Simpa, Assis Brasil Olegário Filho e César Rolim, ressaltaram a importância da manifestação, como forma de contrapor o projeto privatista do governo do prefeito Sebastião Melo. O Parque é um símbolo de Porto Alegre, um local público e democrático, onde são realizadas manifestações políticas, artísticas e culturais. O projeto de concessão à iniciativa privada demonstra o autoritarismo e a falta de diálogo da Prefeitura, diante de uma questão de interesse de toda a cidade. O Simpa participa do Coletivo Preserva Redenção e permanece na luta em defesa dos parques e espaços públicos na cidade. Não à concessão/privatização!

 

Preserva Redenção

 

Ei beija-flor
Oi, Quero-Quero
Rolinha Picui
Foge Anu branco
Vai, gavião carrapateiro
Canário da terra
XÔ Chupa-dente, vai Cambacica
cágado e garça branca
nadando em rejeitos
Anda,João de Barro
Voa, andorinha, biguá, pardal
Bico calado
Vai pra toca, gambá-de-orelha branca
Toma cuidado
Refúgio não é teu abrigo
O homem vem aí
Trazendo veneno, arapuca, gaiola
Pra te banir daqui…
Que a concessão vem aí…
Mas o Preserva Redenção está aqui…

 

Ei, sabiá-laranjeira
Oi, corruíra, cardeal,
Bem-te-vi
Xô, garça grande
Socozinho,
Xô, picapau do campo ou verde barrado
Some, sabiá cólera, caturrita
Anda, besourinho bico-vermelho
Bico calado
Muito cuidado
Que o homem vem aí
Podando sem cuidado,
Serrando árvores por aqui…
cortando chal-chal, cocão, jacarandá,
tipuana, cipreste, paineira, ,
Tombando ipê-roxo, pitangueira,
Comercializando madeira por aí…
Ipês, cedros, Louros, Figueiras,
Guapuruvus, Corticeiras, Camboatas
Pau-ferro, Palmeiras
O mercador vem aí
E sai daí, Fim-Fim
Que a concessão vem aí…
Mas o Preserva Redenção está aqui…

 

Rosa Mayommbe em uma adaptação de Passarada, de Chico Buarque com nomes das espécies da Redenção

 

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