“Promover a pesquisa e a multiplicação de espécies da flora, contribuindo com a sustentabilidade ambiental do município, de acordo com o Plano Diretor de Arborização Urbana”. Esta deveria ser a missão do Viveiro Municipal de Porto Alegre, segundo consta em um impresso fixado numa das salas de sua administração, servindo como uma espécie de lembrete para os funcionários locais.
Tal missão, de fato, hoje parece estar só na lembrança. O espaço, na Lomba do Pinheiro, é um verdadeiro atestado do descaso e desrespeito da gestão Marchezan com relação à estrutura e ao dinheiro público – o que, por consequência, também significa desrespeito pelos funcionários, pela população e pelo meio ambiente.
Para o Simpa, o abandono do espaço é mais um exemplo do sucateamento do serviço público e uma forma da gestão Marchezan justificar terceirizações e privatizações, totalmente desnecessárias. O caso do Viveiro é mais um a demonstrar que a falta de uma gestão voltada para o interesse público está virando Porto Alegre do avesso, para a infelicidade de seu povo.
ABANDONO
Diretores do Simpa estiveram recentemente no local e constataram pessoalmente a situação de abandono. Para começar, não havia luz – devido à queda de um poste cujo conserto, por parte da prefeitura, se arrastava há tempos sem solução –, o que inviabiliza todo o trabalho no local.
O Viveiro estava abandonado também do ponto de vista de pessoal: faltavam funcionários e equipe diretiva em número suficiente para dar conta das demandas do órgão. O laboratório de sementes estava vazio e o banco de sementes, apesar de ter câmaras de germinação e equipamentos modernos e de boa qualidade, estava desativado. Nos apontamentos sobre a mesa, via-se que uma das últimas anotações, referentes ao trabalho ali realizado, foi feita em 7 de agosto de 2017.
Equipamentos que poderiam estar sendo utilizados para a manutenção de parques e logradouros públicos – numa cidade em que o capim toma conta de ruas, praças, canteiros e avenidas – estão largados, sem função, em uma das salas do viveiro. O refeitório também padece de estrutura básica para o uso dos funcionários.
FALTA MANUTENÇÃO
Do lado de fora, era possível também constatar a falta de manutenção no pátio onde deveriam estar sendo cultivadas as plantas a serem usadas na cidade; a estufa, cuja cobertura está danificada, deixa o teto totalmente descoberto.
Conforme dados contidos no site da própria prefeitura, o Viveiro tem “60 anos e ocupa uma área de 200 hectares, dos quais 57 hectares são de produção efetiva” e dentre suas atividades estão “a coleta de sementes, a produção de mudas e folhagens e o plantio de árvores nas avenidas. Atualmente, o viveiro possui 217 espécies de árvores nativas e 164 arbustos”.
Segundo o IBGE, em 2010, Porto Alegre tinha 82,7% de arborização das vias públicas, índice que a colocava entre as cinco melhores capitais do país neste quesito. No entanto, a falta de manutenção adequada das árvores e o descaso com o Viveiro municipal por parte do governo Marchezan podem estar comprometendo esta conquista, colocando a cidade na contramão do que se espera de uma capital com boa qualidade de vida para seus cidadãos e respeito ao meio ambiente.
Assista vídeos feitos pelo Simpa no local:
Mais notícias