Servidores denunciam fornecimento de alimentação imprópria e até vencida no HMIPV

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Mais um absurdo no tratamento dado pela Prefeitura de Porto Alegre aos servidores municipais. Trabalhadores do Hospital Materno Infantil Presidente Vargas denunciam o fornecimento, pela empresa terceirizada Sabor Brasil, de alimentos vencidos, azedos, em quantidade insuficiente e de baixíssima qualidade no local.

 

No dia 20 de maio, por exemplo, os plantonistas da noite — que trabalham 12 horas e para os quais não há janta, apenas lanche — receberam um sanduíche vencido há 12 dias. Além disso, eles relatam que o leite muitas vezes é azedo ou de qualidade no mínimo duvidosa; o suco é artificial, praticamente uma água colorida com muito açúcar e as frutas não são escolhidas. Ou seja, além de as porções serem insuficientes para alimentar trabalhadores que cumprem turnos de 12 horas — sem contar o tempo de deslocamento de ida e volta entre a residência e o HMIPV, que para muitos gira em torno de duas horas ao todo — não há sequer a qualidade mínima necessária para nutrir uma pessoa com dignidade.

 

Já os servidores do HMIPV que têm direito ao almoço denunciam que as quentinhas têm pouca comida, principalmente carne e feijão, essenciais para garantir nutrientes como proteínas e vitaminas, fundamentais para a saúde e para proporcionar energia aos trabalhadores. No hospital, as quentinhas são entregues apenas aos servidores que fazem 12 horas de plantão e aos residentes, além dos acompanhantes de pacientes. Os trabalhadores que fazem 8 horas diárias não recebem almoço. No caso dos plantonistas da noite, a janta é servida apenas a quem faz 24 de plantão (uma ínfima minoria) e as quentinhas têm a mesma qualidade daquelas servidas no almoço.

 

O que diz o Serviço de Nutrição do Hospital

 

Questionado pelo Simpa, o Serviço de Nutrição do HMIPV emitiu a seguinte resposta:

 

“- Houve erro na impressão das etiquetas de fabric/validade. A data da última página a ser impressa não foi alterada e as funcionárias não se deram conta no momento de etiquetar os lanches. Por isso, alguns estavam com a data certa e outros não.

– Não é possível que o lanche fosse do dia 08/05 pois nesta data foi servido Sanduíche de Presunto, conforme cardápios que te envio abaixo.

– As preparações servidas pela terceirizada a pacientes e servidores são degustadas pelas nutricionistas do hospital para aprovação.

– Temos amostras de todas as preparações servidas que ficam armazenadas por 72h, em atendimento a legislação sanitária.

– Solicitamos que a empresa envie para análise a amostra do Hambúrguer que foi servido.

Quanto a questão de oferecer janta aos colegas da noite concordamos que é a opção mais adequada em todos os sentidos. Já levamos este assunto à Direção, em outros momentos, que mostrou-se aberta para discussão. A questão mais delicada/trabalhosa/morosa refere-se a necessidade de ajustes no contrato de terceirização (provavelmente nova licitacão). No entanto, continuaremos trabalhando para concretizar esta melhoria que sabemos ser importante para os trabalhadores da noite. Fico à disposição para maiores esclarecimentos.”

 

Providências tomadas pelo Simpa

 

O Simpa está encaminhando a denúncia ao Conselho Regional de Nutrição, à Vigilância em Saúde e à Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Câmara Municipal (Cosmam) para que sejam tomadas as providências cabíveis.

 

Ao denunciarem esta situação, os servidores dizem, com razão, que a empresa terceirizada está economizando às custas dos próprios servidores e que o HMIPV talvez seja “o pior lugar para se alimentar na prefeitura”.  Além disso, as denúncias demonstram, mais uma vez, o desrespeito da gestão Marchezan com a saúde e o bem-estar de seus próprios trabalhadores. Por fim, é importante salientar que este é mais um caso que evidencia os prejuízos que as terceirizações causam aos trabalhadores e à população. A busca pelo lucro leva a casos como este, em que a empresa economiza fornecendo alimentos de baixa qualidade e que colocam em risco a saúde daqueles que cuidam de toda a cidade.

 

A situação é ainda mais revoltante considerando o atual cenário de pandemia, no qual os servidores da saúde e dos serviços essenciais estão sobrecarregados e expostos ao coronavírus, necessitando ainda mais de condições de trabalho que preservem sua saúde e garantam proteção e segurança.

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