Num contexto político-social marcado pelo autoritarismo, pela perda de direitos e por ataques cotidianos e planejados contra a democracia, os direitos humanos e a diversidade, o mês de março de 2020 marca um importante momento na luta das brasileiras e dos brasileiros para mudar este cenário obscuro.
A escalada fascista de Bolsonaro e seus apoiadores nos últimos tempos e seu chamamento a um novo golpe contra as instituições do país levou os movimentos políticos e sociais do campo democrático e popular a unirem forças e canalizá-las para a realização de atos que, para além de suas pautas específicas previamente planejadas, terão como foco o combate ao atual governo.
Nos âmbitos estadual e municipal, o cenário também é desanimador. Eduardo Leite (PSDB) implanta, no estado, um projeto de destruição dos serviços públicos e de ataque ao funcionalismo, em consonância com a política econômica aplicada no plano nacional.
E o prefeito Nelson Marchezan Jr. (PSDB) segue pelo mesmo caminho. Desde que assumiu o Paço Municipal, o tucano tem investido numa gestão contrária aos interesses do povo de Porto Alegre. Alega que a cidade está quebrada para poder justificar sua política privatista que consiste em sucatear os serviços públicos e estancar os investimentos para entregar o patrimônio público à iniciativa privada.
Marchezan diz que faltam recursos, mas nos últimos três anos, sobrou dinheiro. Em 2019, por exemplo, a Prefeitura anunciou que haveria déficit de 1.164 bilhão, mas na realidade houve superávit de 569 milhões, conforme estudo feito pelo instituto Idea. Outro fato que demonstra a saúde financeira do município é a relação entre receitas e despesas. No período entre 2004 e 2019, as receitas cresceram 58%, enquanto as despesas aumentaram 39%.
O resultado dessa política desastrosa é a piora na saúde, na educação, na assistência social, no transporte e na estrutura urbana. Postos são fechados ou entregues a instituições que têm como foco o lucro e não a qualidade do atendimento; faltam professores na rede e mais de 6 mil vagas em creches; o transporte público segue precário, mas em breve, a passagem deverá aumentar, mantendo Porto Alegre na posição de capital com a maior tarifa do país; as ruas seguem sujas e esburacadas e em meio à crise e ao crescimento do desemprego, a gestão Marchezan enfraquece a Fasc e precariza os serviços voltados à população em situação de rua.
Todas essas questões atingem diretamente a vida das mulheres uma vez que são elas as que mais sofrem com a falta de creches, de políticas públicas de saúde e educação, com o desemprego e com a falta de segurança nas cidades.
Soma-se a tudo isso o alarmante aumento nos casos de violência e assassinatos ligados à condição de gênero. Entre 2018 e 2019, cresceu 7,3% o número de feminicídio no país; 1.314 mulheres foram vítimas desse tipo de crime no período. No RS, os feminicídios triplicaram em janeiro deste ano em comparação com o mesmo mês de 2019, totalizando dez casos. Em 2019, o país registrou mais de 180 estupros por dia, dos quais 54% das vítimas tinham até 13 anos.
Diante desse quadro, as atividades unificadas do 8 de Março terão como tema a defesa da vida das mulheres, contra as violências, o machismo e a opressão, mas também reivindicará emprego, saúde, educação e aposentadoria, além de estampar as palavras de ordem “Fora Bolsonaro”, “Fora Eduardo Leite” e “Fora Marchezan”.
O Simpa apoia e está participando diretamente da construção dos atos relativos ao 8 de Março. O Sindicato entende que a defesa dos direitos da mulher, a luta contra o machismo estrutural e contra governos misóginos, são fatores fundamentais para avançarmos como povo, como civilização.
Ao mesmo tempo, o Sindicato sabe que esta luta depende de mudarmos a visão política atrasada que hegemoniza o país, bem como de construirmos outro caminho para nossa cidade e estado. O ano de 2020 é crucial para viabilizarmos um novo projeto de cidade, com valorização do serviço e do servidor público, respeito à população e políticas públicas voltadas para as necessidades de nosso povo. Por isso, o Simpa chama a categoria municipária a fazer parte desse movimento, a participar das atividades dos dias 8, 9, 14 e 18 de março, e a fortalecer a luta por outro futuro livre da desigualdade com direitos assegurados a todas e todos.
Direção do Simpa
Veja abaixo a programação dos atos e participe!
8M – DIA INTERNACIONAL DA MULHER
Atividades culturais a partir das 10h30, junto aos Blocos de Carnaval na Orla do Guaíba.
9M – PELA VIDA DAS MULHERES
14h – Rodas de conversa no Largo Glênio Peres
17h30 – Ato Unificado do Dia Internacional das Mulheres, no Largo Glênio Peres.
14M – DOIS ANOS SEM RESPOSTA #QUEMMATOUMARIELLEFRANCO
10h – Ato Político do Simpa junto com os Movimentos Sociais e Sindical denominando a sede do
Sindicato dos Municipários de Porto Alegre “Marielle Franco”
12h – Ato Público, na Esquina Democrática
18M – DIA DE LUTA DA EDUCAÇÃO. Em defesa dos serviços públicos, empregos, direitos e democracia.
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