Nesta semana, nós, brasileiras, estaremos novamente nas ruas de nosso país contra o machismo, a violência, as desigualdades e em defesa da democracia. O 8 de Março sempre foi momento de mobilização e luta pelos direitos das mulheres. Hoje, sob a égide de um governo ilegítimo, o Brasil regrediu décadas e o 8M reflete a luta para superarmos este momento.
Nossa democracia foi jogada fora, nossa Constituição foi rasgada e nossos direitos, atacados. Sobraram, para o povo, os efeitos do desemprego, da redução drástica dos programas de combate à desigualdade, da emenda constitucional que acaba com os investimentos públicos por 20 anos, do fim da política de valorização do salário mínimo, da reforma trabalhista, do aumento da desigualdade e da violência, da intervenção no Rio de Janeiro, além da proposta de reforma da Previdência, entre tantos outros ataques concretizados ou em curso.
Neste cenário, aumentou a divisão na nossa sociedade; o preconceito, o racismo, o machismo, a misoginia, a homofobia, a cultura do estupro e da violência, o ataque à classe trabalhadora e aos movimentos sociais emergiram com força, trazendo ao país ares de Idade Média. Se essa fase obscurantista atinge nosso povo como um todo, ela afeta em especial as mulheres — e, principalmente, nós, mulheres negras, que mais sofremos com a desigualdade social, uma herança do passado de escravidão e exclusão que ainda não conseguimos superar como nação.
Conforme dados do Mapa da Violência 2015, entre os anos de 2003 e 2013, houve aumento de 54,2% dos homicídios entre negras, enquanto entre as brancas caiu 9,8%; além disso, as negras têm duas vezes mais chances de serem assassinadas do que as brancas. Vale lembrar também que são nossos filhos, negros, os que mais morrem assassinados nas periferias de nossas cidades. De acordo com dossiê “Violência e Racismo”, da agência Patrícia Galvão, 58% das mulheres vítimas de violência doméstica são negras (dados do Ligue 180 de 2015). Elas também são maioria nos casos de morte por agressão conforme informações do Ministério da Justiça de 2015: 68,8%.
O desemprego, por sua vez, atinge principalmente as mulheres: de acordo com a Pnad, do IBGE, no final do ano passado, o nível de ocupação dos homens era de 64,5% e o das mulheres, 45,4%; entre brancos, a desocupação foi de 9,5%, enquanto entre pretos foi de 14,5% e entre pardos, 13,6%. Não é difícil concluir que também neste quesito, as mulheres negras são as mais afetadas.
Estes são apenas alguns dos dados que mostram o tamanho de nosso desafio. É preciso que estejamos cada vez mais unidas e unidos para fazer frente a tanto retrocesso, a tantos ataques que estão matando as mulheres, apagando sua perspectiva de futuro, acabando com seus sonhos. Por isso, o 8 de Março Unificado está propondo que todas nós paremos neste dia e tomemos as ruas de nossas cidades pelo fim da violência contra todas as mulheres, contra a reforma trabalhista e da Previdência e em defesa das liberdades democráticas. Nós, municipárias e municipários, nos somaremos a essa marcha.
Neste 8M, nós, mulheres, vamos parar por nossos direitos; por um país que respeite a diversidade em todas as suas formas, que retome a via democrática com verdadeira participação popular; por um projeto de desenvolvimento nacional que supere as desigualdades para que possamos, enquanto mulheres, garantir nossos direitos em toda sua plenitude.
(*) Artigo escrito pela Diretora-geral do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa), Luciane Pereira, para o Sul21.
AGENDA DE MOBILIZAÇÃO 8M:
Tags: 8demarço, 8M, DiaDaMulher, simpa
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