Lançamento do livro coletivo da EJA é marcado pela participação de educadores e referências à educação popular

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Vindos dos diversos territórios e comunidades da cidade, em pequenos grupos ou individualmente, dezenas de pessoas se movimentaram, no início da noite de sexta-feira, 1º de setembro, em direção ao Sindicato dos Municipários de Porto Alegre com o intuito do encontro de afetos, para abraçar, rever e prestigiar presencialmente colegas, educadoras(es) da Educação de Jovens e Adultos (EJA).

No ar, uma energia diferente, com a expectativa de participar de uma atividade muito especial, de celebração da importância da educação popular, da sistematização das práticas educativas de caráter emancipatório, construídas no dia a dia por quem faz, quem sempre fez, quem pesquisa e quem defende a EJA.

Ruidosamente, como sempre fora, desde antes da pandemia, o auditório do SIMPA foi sendo preenchido por conversas animadas e pelo som de uma playlist selecionada para o lançamento do livro Pé no chão! Na construção e defesa da EJA pública e popular.

Com muita música, cultura popular e ao mesmo tempo assertividade política-pedagógica, a atividade foi marcada pela participação de educadoras(es) de diversas escolas da Rede Municipal de Ensino bem como do meio universitário, além das representações de diversas associações, sindicatos e entidades apoiadoras do projeto que envolveu diretamente mais de 60 pessoas na sua produção, em uma iniciativa por essência colaborativa que culminou com o lançamento da primeira edição de uma obra que segundo um dos autores, o professor José Luís Machado: “Já nasceu clássica, seja pela importância das temáticas, seja pelas experiências de seus autores e autoras”.

Ao longo de mais de duzentos e cinquenta páginas, em dezoito artigos, grande parte deles de autoria coletiva, o livro reúne produções que abarcam uma grande variedade de temas, como um caleidoscópio multifacetado a revelar a especificidade da Educação de Jovens e Adultos. Na obra encontramos de maneira potente e com consistente embasamento teórico, vivenciado nas práticas cotidianas, os seguintes temas: o Mapa da oferta existente da demanda potencial da EJA em Porto Alegre, planejamento da política pública, Plano Municipal de Educação, financiamento, história da modalidade, alfabetização nas Totalidades Iniciais, experiências e relações universidade-escola, organização curricular, política cultural, legislação, lutas associativas, inclusão, população em situação de rua, ensino remoto sob a pandemia e perspectivas de continuidade dos estudos no Ensino Médio e profissionalização.

A professora aposentada Maria Eulália Nascimento participou da construção do livro “Pé no Chão!”, com um artigo sobre a resolução do Conselho Municipal de Educação, número 23, de 2021, que foi uma consolidação das normas da EJA, que o governo municipal trabalhava desde 1994, mesmo antes da LDB. “O trabalho na EJA exige que estejamos com nossa sensibilidade na ponta dos dedos. Não é nada romântico, pelo contrário. O trabalho é duro e com inúmeros desafios. Temos pessoas jovens, adultas que por algum motivo sério deixaram de estudar e que retornaram à escola, espontaneamente. Isso é de uma riqueza e nos permite enxergar as suas vidas, suas histórias, buscando ampliar os seus horizontes. Ninguém vem para a EJA fazer prova. Aquela coisa de copiar tudo porque vai ter a prova no fim do mês, na minha opinião é um atraso. As pessoas vêm para a EJA para se qualificarem, como pessoas, como cidadãos”, explicou Eulália.

Em sua manifestação, a diretora do SIMPA, Cindi Sandri, ressaltou que o fato do lançamento do livro Pé no Chão acontecer no Simpa, é simbólico: “Estamos muito orgulhosas(os) que essa bela obra tenha seu lançamento dentro de um espaço que foi construído com muita luta, de forma coletiva, com muita disposição e que todos os dias faz resistência ao desmonte e ao sucateamento dos serviços públicos”. Já o diretor Edson Zomar argumentou que em uma sociedade desigual, o serviço público serve para manter e aprimorar o acesso à educação, saúde, transporte público, meio ambiente, entre outros: “Existe uma disputa de conceito de cidade e estamos diante de um projeto de apropriação do público pelo privado. O Simpa representa esta resistência às privatizações e que hoje inventaram outro nome que é a parceirização”, resumiu.

A professora Magali Menezes (FACED/UFRGS), da ANDES – Seção Sindical UFRGS, também parabenizou a iniciativa, ressaltando que o livro certamente servirá de referência para quem vive, estuda e pesquisa estes espaços da EJA: “O Pé no Chão! é a educação e a escola e dela se faz arte, movimento e libertação. O evento contou também com a presença do vereador Jonas Reis.
   

AUTÓGRAFOS E DEDICATÓRIAS
Houve uma apresentação geral da obra pelos organizadores, Marco Mello e César Rolim, seguida de sessão de autógrafos por parte dos autores e autoras. Um momento, em especial, emocionou a plateia: a leitura feita pela professora Maria Clara Bueno Fischer (FACED/UFRGS), da dedicatória presente nas páginas iniciais do livro, abaixo transcrita:

“Dedicamos este livro a duas pessoas queridas e referências no campo da EJA, Educação Popular e das lutas sociais, que tiveram conosco desde há muito: abrindo fronteiras, inspirando caminhos, mantendo acesa a chama da transformação! Conceição Paludo e Carlos Rodrigues Brandão. Presentes!! Agora e sempre!”

A referência à ancestralidade insurgente e à memória de luta dos povos originários e da classe trabalhadora foi uma característica marcante ao longo das falas das lideranças das organizações presentes, que foram convidadas a fazer uma saudação inicial.

MÚSICA E RODA DE CIRANDA
As atrações culturais começaram com Michelle Cavalcanti, que acompanhada do seu violão arrancou aplausos do público. “Parabéns pelo livro Pé no Chão! As músicas que toquei aqui são todas autorais e é muito importante nos reunirmos para celebrarmos estes movimentos da cultura e para falarmos de toda a luta que é feita por uma educação de qualidade no município de Porto Alegre. Para quem quiser conhecer mais, sou regente do grupo ‘Sons do Morro’, projeto que existe há 9 anos, na Escola Municipal Judite Macedo de Araújo, no Morro da Cruz”, disse Michelle Cavalcanti. Já a apresentação de Evandro Alves e os Tambores de Freire foi conjunta. Evandro é professor FACED/UFRGS e integrante do Fórum EJA RS e do Núcleo da EJA da UFRGS. Já os Tambores de Freire é um grupo organizado pelo professor Nilson Tòkunbò, do CMET Paulo Freire. A noite encerrou com uma roda de ciranda que envolveu músicos, educadores e a plateia.

APOIO CONJUNTO
A publicação contou com o apoio de um conjunto de organizações do campo associativo e sindical. Além do SIMPA, ATEMPA, ASSUFRGS, PoAncestral, Rede Internacional Café com Freire, Rede MOVA-BR, NIEPE-EJA/UFRGS, ANDES – Seção Sindical UFRGS e Fórum Estadual da EJA RS se juntaram à iniciativa.

E-BOOK
A Versão e-book, para livre acesso e download já está disponível para acesso e download no link: (https://drive.google.com/file/d/1hc9kKZPs21_DBnTyYjQev3bK-k0HIgMB/view?usp=drive_link) e também pode ser encontrada junto às plataformas de referência das entidades apoiadoras.

SEGUNDA EDIÇÃO
O sucesso do lançamento e os pedidos de exemplares físicos, que se esgotaram rapidamente, motivou a organização e apoiadores a encaminharem uma segunda edição do livro, para um relançamento na UFRGS, em outubro; e na Feira do Livro de Porto Alegre, em novembro próximo.

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PÉ NO CHÃO!

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