Incoerência com a realidade marca o depoimento de Sergio Bento de Araújo na CPI da Educação

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Mais uma testemunha foi ouvida nas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) que investigam supostas irregularidades em compras e contratos da Secretaria Municipal de Educação (Smed). Na manhã desta segunda-feira (30/10), o empresário Sérgio Bento de Araújo, proprietário das empresas Inca Tecnologia e Astral Científica, que venderam diversos materiais à Smed, prestou depoimento no Plenário Otávio Rocha da Câmara Municipal de Vereadores.

Durante a sessão, um e-mail foi apresentado no painel do plenário, e por determinação do vereador Idenir Cecchim (MDB), presidente da CPI, foi imediatamente retirado. Os vereadores de oposição repudiaram a censura imposta por Cecchim e a falta de transparência da base do governo Melo.

A oitiva de Sérgio Bento de Araújo à CPI, iniciou com um relato sobre como foram firmados os contratos com a Prefeitura de Porto Alegre. Araújo relatou que Jailson Ferreira da Silva, representante de vendas na sua empresa no Rio Grande do Sul, foi quem fechou os contratos. O empresário ressaltou que sua empresa atua há mais de 25 anos na área da educação, em todo o Brasil, participando de licitações, em âmbito público e privado, para venda de materiais didáticos e pedagógicos.

À medida que Sérgio Bento de Araújo era interpelado pelos vereadores, o relato que fez à CPI foi perdendo coerência em relação ao que disse no início da oitiva. Ao menos em dois momentos, o constrangimento do empresário se tornou visível. Primeiro, quando foi mencionada a investigação que recai sobre ele de formação de um cartel nas compras da Smed e de uma ação do Ministério Público Federal em que é acusado de fazer conluio com a empresa de sua sobrinha e de seu irmão. E, mais adiante, quando Araújo foi indagado se é filiado a algum partido político. Após afirmar não ter vínculo partidário, o empresário se deparou com sua ficha de filiação no MDB, mesmo partido do prefeito Sebastião Melo. Araújo afirmou que não lembrava de ser filiado e ficou de verificar a situação junto à Justiça Eleitoral.

Sobre a investigação de formação de cartel, Araújo alegou que sua empresa já participou de licitação consorciada com outras empresas, e que o referido processo havia sido arquivado. Em seguida o empresário afirmou que “estranhamente, após cinco anos”, o processo foi desarquivado. Novamente foi submetido ao constrangimento com a revelação de que sua empresa foi vencedora em cinco processos por adesão a registro de ata de preço, que por regra, visam à vantajosidade econômica.

Ao ser questionado sobre como explicar o “apoio logístico” no caso de Jailson, que é seu representante, ter entregue um material da empresa Sudu, sendo ele representante da empresa Inca. Sérgio Bento de Araújo respondeu que se houvesse algum tipo de conluio ele teria ganho muito mais do que cinco contratos. Também alegou que Jailson não é seu funcionário e sim um representante distribuidor, não tendo contrato de exclusividade com sua empresa. Na realidade, Jailson também é dono da Sodu, que compra livros da Inca, empresa de propriedade de Araújo.

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