Mostras da Emeb Liberato expõem a importância da pesquisa para a formação de cidadãos

 

Da ditadura de 1964 ao uso de antidepressivos; de uma garrafa térmica acoplada à cuia do chimarrão a um carregador de celular unido a uma bolsa, não faltaram criatividade, curiosidade e boas ideias na 4ª Mostra de Ciência, Tecnologia e Cultura e na 19ª Feira do Empreendedorismo, que aconteceram sexta e sábado, 13 e 14/09, na Emeb Dr. Liberato Salzano Vieira da Cunha, no Sarandi, em Porto Alegre.

 

Promovidos pela escola com o propósito de estimular a busca pelo conhecimento, o desenvolvimento de pesquisas, a profissionalização e o empreendedorismo de seus alunos, os eventos contaram com 81 trabalhos (50 de pesquisa e 31 projetos de empresas), envolvendo 450 estudantes a partir de temas propostos por eles mesmos. A Mocitec abarca alunos desde a educação infantil até o pós-médio, enquanto a Feira promoveu a inovação entre estudantes do curso técnico de Administração.

 

A escola é a única pública de Porto Alegre vinculada à Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia (Mostratec), organizada pela Fundação Liberato de Novo Hamburgo. Os destaques desta edição local farão parte da Mostratec deste ano, que acontecerá nos dias 22 a 24/10.

 

Desenvolvendo potencialidades

 

Angélica Kafrouni, supervisora dos cursos técnico, normal e da EJA da Emeb Liberato, destacou que os eventos contribuem para que os alunos “conheçam suas próprias potencialidades e sejam protagonistas do processo de aprendizagem, afinal, é um espaço para expor e experimentar ideias”.

 

Foi o caso do grupo de alunos que desenvolveu uma nova garrafa térmica, acoplada à cuia de chimarrão, uma ideia criativa que nasceu da necessidade de os gaúchos manterem a tradição de maneira prática no dia a dia. O Instituto Federal já se interessou pelo projeto e pretende desenvolver o protótipo. Dentre outras invenções estão, ainda, a térmica automática, que funciona por meio de sensor de proximidade do recipiente, e da bolsa que já vem com uma bateria interna que ajuda a carregar o celular sempre que necessário.

 

“Antes, as empresas buscavam habilidades técnicas que, agora, qualquer pessoa pode ter. Por isso, normalmente, as empresas preferem ensinar o colaborador a exigir dele conhecimento técnico específico. Assim, o que diferencia o profissional são as habilidades pessoais, subjetivas, como a capacidade de ouvir, de negociar, de conviver em grupo, de aceitar opiniões, liderança, criatividade etc.”, diz Angélica. “E nas atividades da feira, eles conseguem conhecer melhor e aprimorar essas habilidades. O compromisso da escola é este: desenvolver qualidades que não serão aprendidas via Google”.

 

Ex-aluno da Liberato e representante da Associação de Moradores da Vila Elizabeth, Fábio Henrique Nunes enfatizou que as iniciativas “abrem caminhos para jovens que estão começando a buscar oportunidade de emprego, expondo o que aprenderam a toda a comunidade, que apoia a escola em todas as suas iniciativas”.

 

Pesquisa e conhecimento

 

No caso da Mocitec, os alunos desenvolveram pesquisa envolvendo diversos temas, como o uso da maconha para fins medicinais, a menstruação e o corpo feminino, a diversidade de gênero, o início da vida no planeta, o acidente nuclear de Chernobyl, a importância da música, a defesa do meio ambiente e a ditadura de 1964. “Organizar a Mocitec é um grande desafio porque trazemos a pesquisa para dentro da escola e a pesquisa muda aquela concepção segundo a qual o professor chega com respostas, passa o conteúdo e o aluno apenas reproduz aquele conhecimento. Com a pesquisa, a lógica se inverte: o aluno traz uma problemática sobre a qual ele vai pesquisar e buscar soluções”, avalia Osmar Antônio Cerva Filho, supervisor e professor de matemática da Emeb Liberato.

 

Ele lembra que desenvolver atividades que levam ao aprofundamento da compreensão sobre o nosso mundo e a nossa sociedade é especialmente mais desafiador na conjuntura atual. “Num momento em que a pesquisa não está sendo valorizada em nosso país, com todo tipo de recurso sendo cortado, a Liberato está indo na contramão, valorizando justamente a pesquisa e o conhecimento”.

 

O Simpa esteve na abertura da mostra e da feira, representado pela diretora-geral Luciane Pereira. O Sindicato apoia iniciativas deste tipo, que demonstram a importância da escola pública na formação de cidadãos e o papel estratégico dos professores e servidores que resistem ao desmonte dos serviços públicos atualmente em curso, promovendo aprendizado e desenvolvimento humano e profissional.

 

Tags: Educação, Escolas, municipários, Porto alegre, simpa, sindicato, Trabalhadores

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