160 dias sem resposta: familiares, amigos e servidores pedem justiça para Guaracy

Na última sexta-feira, 13/07, um ato em frente ao Palácio da Polícia, em Porto Alegre, realizado por familiares, amigos e servidores, pediu justiça e a elucidação do assassinato do servidor  municipal Guaracy Bomfim Vianna, ocorrido há 160 dias e até hoje sem resposta.

 

Guaracy foi morto a tiros no dia 26 de janeiro, dentro do seu carro em frente à sua casa, de manhã cedo, no bairro Aberta dos Morros, na zona sul da cidade. O servidor era membro da Comissão de Saúde da População Negra do Conselho Municipal de Saúde de Porto Alegre e um lutador em defesa do SUS e da saúde pública.

 

Em março, diretores do Simpa se reuniram com delegado da 4ª Delegacia de Homicídios de Porto Alegre a fim de acompanhar as investigações. Na ocasião, a previsão da polícia era a de que as investigações seriam concluídas em 60 dias, mas até o momento o caso não foi solucionado, aumentando o sofrimento da família, que segue sem resposta.

 

Sob as palavras de ordem “Guaracy vive” e “Justiça para Guaracy”, familiares e amigos se revezaram ao microfone, pedindo justiça e lembrando o importante papel que o servidor desempenhou em defesa de políticas públicas focadas na população negra. “Quando um trabalhador tomba, a sociedade morre um pouco. Como entender a morte de alguém que só fazia o bem?”, disse seu  irmão Gerson Bomfim Vianna.

 

Gilmar Ramos, coordenador da Comissão de Saúde da População Negra do Conselho Municipal de Saúde e vice-coordenador do CMS destacou o papel de Guaracy nesta frente de atuação. “Aprendemos muito com ele. Hoje, pedimos justiça”.

 

Representando o Simpa, a diretora de Saúde do Trabalhador, Oneia da Silva Machado, colocou que “a falta de resposta e a indiferença doem muito, assim como dói a perda de Guaracy. Milhões de vidas têm sido ceifadas pela violência de um sistema que exclui, que torna boa parte da sociedade vulnerável. E Guaracy era um lutador que enfrentava estas questões”.

 

O caso de Guaracy expõe a falência da segurança pública e as consequência da falta de políticas públicas de combate às desigualdades, à exclusão e à violência. Conforme o Atlas da Violência 2018, em dez anos a taxa de homicídios da população negra cresceu mais de 23%, enquanto entre os não negros houve queda de 6,8%. Segundo o Ipea, dentre todas as pessoas assassinadas no Brasil em 2016, mais de 71% eram pretas ou pardas. No RS, também aumentou a violência contra a população negra: a taxa de homicídios passou de 19,1 por 100 mil habitantes em 2006 para 36,8 homicídios por 100 mil habitantes em 2016.

Tags: População Negra, Saúde, Segurança, violência

Mais notícias