Em carta aberta, educadores da EMEF Monte Cristo questionam atuação da Smed durante a pandemia

As educadoras e educadores da EMEF Monte Cristo emitiram uma carta aberta à população de Porto Alegre, à Câmara de Vereadores e à Prefeitura Municipal na qual exigem a garantia de alimentação às comunidades, questionam a viabilidade da plataforma Cortex — considerando a situação socioeconômica dos estudantes e suas famílias — e criticam a falta de diálogo por parte da Smed sobre as ações da secretaria especialmente durante a pandemia, entre outras questões importantes no âmbito da rede municipal de ensino.

 

“Onde está o plano para garantir aos nossos alunos e a suas famílias a segurança alimentar, direito básico da infância e da adolescência, durante esse momento? Como cobrar acesso às atividades remotas e realização dos processos que envolvem corpo-mente-emoções, com tecnologias ainda pouco acessíveis à grande maioria da comunidade escolar, sem antes garantir as condições básicas de alimentação?”, apontam.

 

A carta foi noticiada na Rádio Cultura na última sexta-feira, 17/07. Confira aqui.

 

Leia a íntegra da carta:

 

Carta aberta à população de Porto Alegre, à Câmara de Vereadores e Prefeitura Municipal

 

Diante da pandemia que estamos vivendo, as trabalhadoras e trabalhadores da Educação vêm exigir um plano emergencial de garantia da alimentação das nossas comunidades escolares, um plano integrado, objetivo e que atenda as especificidades da nossa população neste momento de pandemia do Covid-19.

 

A educação constata a cobrança quanto ao uso da plataforma de estudos à distância – Córtex, que foi implantada sem planejamento ou diálogo com os educadores, após quase 3 meses de pandemia, e sem a garantia de gratuidade dos dados móveis aos alunos, conforme prometido. Não podemos deixar de questionar sobre aquilo que parece vir antes: a garantia à alimentação básica. Como as famílias da nossa comunidade escolar estão conseguindo sobreviver neste momento? Soubemos que alguns chegaram a vender seus celulares para comprar comida!

 

Onde está o plano para garantir aos nossos alunos e a suas famílias a segurança alimentar, direito básico da infância e da adolescência, durante esse momento? Como cobrar acesso às atividades remotas e realização dos processos que envolvem corpo-mente-emoções, com tecnologias ainda pouco acessíveis à grande maioria da comunidade escolar, sem antes garantir as condições básicas de alimentação?

 

Precisamos de clareza sobre a verba referente à alimentação das merendas escolares e prestação de contas a respeito do que vem sendo feito sobre isso. Não temos encontrado essas informações de forma explícita e oficial. Ao passo que a comunidade, mesmo devendo procurar o CRAS, por vínculo e proximidade acaba procurando a escola como referência.

 

O atual secretário de Educação comunicou que a preocupação da Smed não seria com o alimento, porém, sabemos que na educação popular, a garantia do alimento é parte do contexto pedagógico e não podemos ignorar a garantia desse direito para a realização da aprendizagem. Se não acreditássemos nisso, não teríamos a oferta de todas as refeições (café da manhã, almoço, lanche, janta) dentro da escola quando em rotina presencial.

 

Assim reiteramos: cadê o dinheiro da merenda escolar?

 

Queremos as respostas dos órgãos competentes sobre onde está o plano de alimentação, quais são os números de famílias, de recursos, qual é a importância que o governo está conferindo a essa necessidade básica.

 

Precisamos quebrar o silêncio e falar sobre isso.

 

Educadoras e educadores da EMEF Vila Monte Cristo

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