Descaso da gestão: falta de RH põe em risco servidora no Cais Mental Centro

Direção do Simpa visita CAPS II Cais Mental Centro | Foto: Mariana Mattos

A direção do Simpa fez uma visita até o Centro de Atenção Psicossocial II (CAPS II) “Cais Mental Centro”, na última sexta-feira (16), para ouvir as servidoras sobre uma preocupante situação causada pela falta de profissionais nas equipes de Saúde do município. No dia 9/12, a psiquiatra do CAPS e a Técnica de Enfermagem, que atuavam na unidade de Saúde Mental, foram agredidas por uma usuária em crise. Quem fez a intervenção foram os próprios pacientes que presenciaram a situação, já que elas não contavam com uma equipe na hora.

CAPS II Cais Mauá Centro | Foto: Mariana Mattos

Segundo a médica, a agressão só foi possível pela falta de profissionais trabalhando na unidade. Ela explica que, desde 2017, se pede reposição da equipe do Cais Mental Centro, devido às aposentadorias no setor, mas os governos utilizam a política de equipe mínima. “Não tem ginástica que a gente faça na equipe para dar conta de cobrir todo o serviço, é muito preocupante”, lamenta a trabalhadora. Segundo ela, em 2017 eram 18 profissionais com ensino superior trabalhando no CAPS e, hoje, são apenas 8.

Descaso no CAPS II Cais Mauá Centro | Foto: Mariana Mattos

O sucateamento do serviço influencia, tanto na saúde das servidoras como na da população. No final de 2019, o CAPS Cais Mental passou a atender o território inteiro de Porto Alegre, pelo fato de atender também o CAPS Extremo Sul, que só existe no nome, já que os usuários da Restinga,  Belém Novo e Lami precisam se deslocar até o CAPS Centro para terem atendimento. Isso significou um grande aumento de usuários na unidade, indo de uma média de 180 atendimentos, em 2018, para 247, em 2022. Ou seja, 30% do aumento de volume de atendimentos e a metade dos profissionais na Atenção Básica.

Descaso no CAPS II Cais Mauá Centro | Foto: Mariana Mattos

As servidoras explicam que, além dos usuários de Saúde Mental, a população de rua também busca o serviço e não tem equipe para supervisioná-los. O aumento da demanda e o sucateamento da equipe geram crescimento das internações e de surtos pela falta de equipe de prevenção, mesmo tendo sido renovado por mais dois anos o concurso para profissional de Enfermagem da Prefeitura Municipal.

Descaso no CAPS II Cais Mauá Centro | Foto: Mariana Mattos

Uma profissional da Enfermagem confirmou que sente muito o desmonte das Unidade Básicas de Saúde (UBSs), iniciado por Marchezan e continuado pelo Melo. A estratégia prioritária do CAPS é evitar a internação e promover a reabilitação, mas com a falta de RH está impossível. “Usamos recursos de SAMU e emergência mais do que gostaríamos, pois se não tem ninguém para atender, então vai para a emergência”, lamentou.

Descaso no CAPS II Cais Mauá Centro | Foto: Mariana Mattos

Para o Diretor de Saúde do Trabalhador do Simpa, Alexandre Bublitz, o processo de sucateamento dos equipamentos de Saúde para terceirizá-los é uma realidade deste governo e pode chegar, também, na Saúde Mental. Por isso, é importante denunciar à gestão a violência sofrida através de uma formalização do episódio na Coordenadoria de Saúde e Segurança do Trabalhador (CSST). Segundo a vítima, já foi feito um Boletim de Ocorrência (BO) do caso. A Diretora Administrativa do Simpa, Elisabete Charão, acompanhou a reunião.

CAPS II Cais Mauá Centro | Foto: Mariana Mattos

 

ESTRUTURA DANIFICADA

Na oportunidade, a direção do Simpa visitou a casa do CAPS II e pode notar alguns problemas de danos na estrutura da unidade. Em algumas salas, o piso encontra-se gasto, podendo gerar acidentes, assim como infiltrações e rachaduras nas paredes. Um ponto marcante é a falta de acessibilidade do local, que não oferece nada além de uma escada para acessar os andares superiores.

Descaso no CAPS II Cais Mauá Centro | Foto: Mariana Mattos

 

CAPS RESISTE

Entre as denúncias e dificuldades, um espaço verde e muita arte. Os CAPSs nascem como resultado da luta antimanicomial e são resistência em um tratamento em liberdade, resgatando os direitos da população em sofrimento mental. O Simpa estará em luta para resistir ao desmonte desta política! Saúde Não É Mercadoria!

 

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