Clóvis Moura, um intelectual da população negra

Clóvis-Moura

Hoje, 13 de dezembro, faz 14 anos que o Brasil perdeu o professor Clóvis Moura (1925-2003), escritor e ativo intelectual-militante comunista que se destacou pelos estudos sobre a questão racial, a luta e a resistência do negro no País. Militou pelo Partido Comunista Brasileiro e, em 1962, na cisão do partido, migrou para o PCdoB. Destacou-se pela militância pioneira no movimento negro brasileiro. Colaborou com artigos para jornais da Bahia e de São Paulo.
Clóvis Moura foi autor das brilhantes obras Rebeliões da Senzala, Sociologia do Negro Brasileiro, Negro de Bom Escravo a Mau Cidadão e a obra prima Dialética Radical do Brasil Negro. Foi fundamental na defesa de duas grandes ideias: primeiro, que a rebeldia do trabalho no Brasil se inicia, não nas greves do início do Século XX, mas, sim, nas senzalas, gerando o que ele categoriza como “quilombagem”. Outra ideia é que, ao contrário da maioria da intelectualidade de esquerda pensava, a exclusão racial era intrínseca (e não uma anomalia ou mero resquício da ordem social anterior) do projeto de capitalismo dependente construído a partir da transição do escravismo para o capitalismo entre 1850 e 1888.
Este pensamento divergente antirracista de Moura o colocou em um certo “ostracismo” no universo acadêmico. Seus livros foram publicados por pequenas editoras, na academia ele é pouco lembrado ou citado, e em alguns casos é até proibido de ser citado. Os escritos de Moura nos proporcionam pensar o racismo como elemento estrutural e estruturante do País. Para uma síntese da vida e obra de Moura, é recomendado o livro “Clóvis Moura: Trajetória Intelectual, Práxis e Resistência Negra”, de Fábio Nogueira, professor da UNEB.

Tags: Clóvis Moura, Homenagem, municipários, População Negra, simpa, sindicato

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