Secretário de Educação reafirma posição autoritária da gestão Marchezan em sessão na Câmara

 

Mais uma vez, foi frustrante a tentativa de diálogo entre vereadores, comunidade escolar, representantes sindicais da categoria municipária e Smed. Durante reunião da Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Juventude (Cece) da Câmara, realizada nesta terça-feira, 03/03, à qual o Simpa e a Atempa estiveram presentes, o secretário municipal de Educação, Adriano Naves de Brito, reafirmou a posição autoritária que marca a gestão Marchezan.

 

Usando de maneira distorcida a prerrogativa do gestor público na tomada de decisões, o secretário manteve-se indiferente aos apelos da comunidade escolar e dos parlamentares sobre diversos problemas e não sinalizou estar disposto a absorver as críticas apresentadas e rever suas posições.

 

Após apresentar um balanço das ações da Smed e ouvir críticas dos presentes, Brito retomou a palavra para repetir suas convicções. A postura do secretário mostrou, mais uma vez, seu desprezo pelo serviço público e seus trabalhadores e pelo processo de gestão democrática que foi construído ao longo de anos na rede municipal de Porto Alegre.

 

A reunião pautou temas como a falta de recursos humanos nas escolas; a posse das direções eleitas em novembro; a incompetência da gestão que vem resultando na precarização do ensino público e o fim do atendimento dos estudantes no contraturno das escolas de tempo integral por servidores concursados, que serão substituídos por contratualizados. Entre as escolas de tempo integral está a Emef Neuza Brizola, que se tornou referência nesta modalidade de ensino, e que foi representada na reunião por professoras e mães de alunos.

 

Como encaminhamentos da reunião, a Cece apontou a necessidade de haver diálogo entre Smed, Simpa e Atempa. Também se comprometeu a enviar ofício à Smed solicitando informações como o número de direções que tomarão posse em 16 de março e quantas escolas terão eleição neste ano, bem como dados relativos ao quadro geral de recursos humanos hoje. A Cece também se prontificou a organizar, com o secretário, visita à escola Neuza Brizola antes do dia 10/03, data limite para a concretização das mudanças propostas pela prefeitura.

 

“Apagão da educação”

 

“Percebemos na gestão Marchezan o descaso com a educação, que é um direito garantido na Constituição”, disse Jonas Reis, diretor-geral do Simpa, durante a reunião da Cece. “Temos um déficit de nove mil vagas na rede, são pais e mães que pagam seus impostos e que não têm onde matricular seus filhos. É um absurdo!”, declarou.

 

Reis também lembrou que o governo Marchezan não repôs a inflação sobre os salários dos municipários, que amargam uma defasagem de 17%. “Estamos vendo o discurso de demonização do serviço público, mas são os servidores que fazem o sistema funcionar, enquanto o governo se vangloria de preencher com trabalhadores temporários vagas fixas de professores”, constatou. “Estamos vivendo o apagão da educação”, concluiu.

 

Roselia Siviero, professora aposentada e diretora do Simpa, disse que a Smed “não tem planejamento para os professores, não tem formação, não tem construção pedagógica” e “desconhece a realidade da rede que administra”.

 

Ana Oliveira, mãe de aluna da Emef Neuza Brizola, enfatizou: “o senhor, secretário, precisa sentir o que está fazendo e o senhor não sente o que nós sentimos. Peço por mim, pelas mães dos outros alunos, que as mudanças propostas para as escolas de tempo integral sejam revistas e nossos professores não sejam retirados”. Ana também lembrou a importância das escolas, especialmente as integrais, nos bairros mais vulneráveis: “Numa comunidade dominada pelo tráfico, nossos filhos estão seguros na escola”.

 

Monica Rohr, professora da Emef Neuza Brizola, disse se sentir “desrespeitada com a decisão da Smed” quanto às mudanças no formato das escolas integrais. “Saímos de um dos últimos Idebs na rede municipal para o quarto lugar e isso se deve ao nosso foco, que é o aluno”. A professora enfatizou que “a educação integral faz toda diferença para as crianças do loteamento. Não tem motivo para mudar nossa rotina”. Ela pediu um “olhar especial” da Smed à questão. Mas, ao final, avaliou, decepcionada: “o senhor, secretário, tira a nossa esperança”.

 

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