Logo no início da manhã desse sábado (30/9), os moradores do bairro Glória, em Porto Alegre, já demonstravam desacordo com o evento Prefeitura nos Bairros, promovido pela Prefeitura Municipal nas comunidades. Essa edição aconteceu dentro da EMEF Gabriel Obino, mas quem chegava à rua do evento encontrava de imediato uma faixa e adesivos no peito dos moradores, dizendo “Fora Marchezan”. Muitos CCs e poucos moradores do bairro estavam no local quando o clima de protesto intensificou. Professores da escola iniciaram uma manifestação contra a intervenção da SMED nas escolas e contra o desmonte do serviço público. Um grupo de alunos se uniu aos educadores.
Os presentes estavam atrás do prefeito Marchezan Júnior, que foi recepcionado com vaias e gritos por onde passava, bem como os secretários de Cultura, Educação e Saúde. Alunas perguntavam a ele por que só hoje tinha WIFI na escola e denunciavam a falta estrutura e até material escolar nas aulas.
Em um momento de agressão desnecessária, a Brigada Militar reprimiu um aluno do colégio, fazendo uma revista truculenta no rapaz, que não havia feito nada. Os manifestantes permaneceram mobilizados e lembraram que aquela atitude feria o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Em seguida, o menino foi liberado.
CENSURA
Por determinação judicial, o Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (SIMPA) está proibido de se manifestar dentro do Prefeitura nos Bairros. A direção do sindicato permaneceu do lado de fora, do outro lado da rua, denunciando a censura.
O aparato militar estava ostensivo, com presença da Guarda Municipal e da Brigada Militar. Um oficial, a mando do prefeito, chegou a pedir para o Diretor Geral do SIMPA, Alberto Terres, ir embora dali, pois não era “momento de manifestação”. Mas o sindicato seguiu no local, defendendo que, segundo a Constituição Federal, a manifestação é livre e que essa atitude é censura do governo.
DEFESA DO SERVIÇO PÚBLICO
O Prefeitura nos Bairros é um evento que acontece de 15 em 15 dias nos bairros mais humildes da cidade. As secretarias, junto com empresas parceiras do governo, vão até os bairros oferecer serviços como corte de cabelo, adoção de animais, segunda via de documentos, etc. O prefeito quer vender a cidade para os seus parceiros Itaú, Panvel, FGTAS, Hospital Divina Previdência e abrir espaço para a terceirização e privatização do patrimônio público.
Os municipários não aceitam essa política de Marchezan e reivindicam pelo investimento no serviço público de qualidade, pela retirada dos projetos enviados à Câmara para acabar com o Plano de Carreira dos servidores e fim do parcelamento dos salários. Os servidores já votaram greve a partir da próxima quinta-feira (5/10).
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