Nota do Simpa sobre as escolas cívico-militares

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Um dos reflexos da chegada da extrema-direita ao poder no Brasil foi o aumento da inserção de militares e de seus dogmas no âmbito governamental e nos serviços públicos. Esse movimento alcançou também a educação, com a proposta de implantação das escolas cívico-militares.

 

A interferência militar na esfera do ensino por vezes é, erroneamente, vista de maneira positiva por parte da população e governantes devido à disciplina, valorização do patriotismo e da hierarquia e qualidade superior que esse tipo de escola supostamente traria aos alunos.

 

No entanto, a verdade é que a interferência militar na educação embute valores contrários ao pluralismo de ideias, à diversidade, ao ensino crítico e à gestão democrática, engessando, limitando e direcionando a aprendizagem e fazendo desta mero instrumento para impor padrões ideológicos autoritários e acríticos. Esse tipo de educação acaba por formar cidadãos pouco afeitos ao debate democrático e à divergência e tementes a um sentido de disciplina anacrônico que  mutila e empobrece a sociedade.

 

Simpa foi à Câmara contra escolas cívico-militares

O projeto de escolas cívico-militares também chegou ao Rio Grande do Sul e há poucos dias, a Secretaria Municipal de Educação de Porto Alegre (Smed) marcou apresentação à Câmara, para o dia 31/01, com o objetivo de explicar como se daria a implantação deste tipo de educação na Rede Municipal de Ensino.

 

A reunião — para a qual o Simpa havia chamado colegas a participarem a fim de expor a posição contrária dos educadores e educadoras — foi desmarcada meia hora antes pela própria Smed. Esperamos que o debate público seja retomado a fim de que opiniões divergentes possam ser expostas aos vereadores e à população.

 

O Simpa reafirma sua posição contrária às escolas cívico-militares pelos motivos acima expostos e espera que a gestão democrática, que pressupõe o debate amplo com a comunidade escolar sobre questões atinentes à RME, também não seja sacrificada em nome de um tipo de ensino que em nada contribuirá para a qualidade da educação pública brasileira.

 

Simpa

 

(Fotos: Cpers)

Tags: Educação, Escolas Cívico-militares

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