O SUS está diante de um de seus principais desafios: lutar contra o coronavírus em meio a inúmeras adversidades impostas por governos neoliberais e autoritários. E este enfrentamento só é possível graças ao trabalho incansável de milhares de guerreiras e guerreiros profissionais da saúde que, Brasil afora, colocam em risco sua própria vida (e a de seus familiares) para salvar tantas outras, enfrentando cotidianamente a sobrecarga de trabalho, a falta de condições materiais, de estrutura e de respeito, situação que também os fragiliza e os adoenta.
Em Porto Alegre, estes profissionais compõem a categoria municipária, tão atacada e achincalhada pelo prefeito Marchezan, que chegou a chamá-los de vagabundos. A gestão Marchezan retirou direitos, arrochou os salários, atacou verbal e fisicamente servidores que sempre trabalharam pela cidade e cuja atuação mostra-se, agora, ainda mais necessária.
É praxe dos governos de direita — da qual Marchezan faz parte junto com Leite e Bolsonaro — o desejo de desmerecer servidores e desmontar o serviço público para vendê-lo a preço de banana à iniciativa privada. Esta é a política aplicada por Marchezan. Somente na área da saúde, o prefeito já terceirizou diversas unidades básicas de saúde piorando o atendimento prestado à população. Os pronto-atendimentos da Bom Jesus e da Lomba do Pinheiro, por exemplo, foram assumidas por uma empresa (a SPDM, que acumula processos em SC e SP) que não está dando conta das necessidades dos usuários, deixando faltar médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem.
Outras entidades, como o Hospital Vila Nova, Instituto de Cardiologia, Hospital Divida Providência e Santa Casa receberam de Marchezan a incumbência de responder pela oferta de serviços de atenção básica a toda a cidade. Por meio delas, Marchezan fundiu unidades de saúde, concentrando o atendimento. Para se promover, estendeu o horário de funcionamento de algumas delas às 22h. Porém, a verdade é que a população passou a contar com um atendimento precário e feito em menos locais, tendo muitas vezes de se deslocar do seu bairro para conseguir consulta. Outra questão importante é que os contratos com essas entidades é temporário, ou seja, ao acabar, pode deixar a população desguarnecida, o que é ainda mais grave num cenário como o atual. A opção política de Marchezan de não investir no serviço público, terceirizando uma função que é primordialmente do Estado, limita a capacidade de execução de uma política pública global, ampla, que promova ações preventivas para toda a população.
Como se não bastasse tudo isso, a Prefeitura demorou para pôr em prática medidas objetivas de contenção do vírus, entre as quais passar orientações claras para os profissionais de saúde e garantir-lhes o acesso a equipamentos de proteção individual, bem como assegurar insumos, materiais hospitalares e estruturas necessárias para dar conta das internações e atendimentos que se tornarão cada vez mais frequentes e que podem levar ao colapso do sistema. Soma-se ao coronavírus a tendência natural, nos próximos meses, de aumentarem as internações e atendimentos decorrentes das doenças de inverno.
Para lidar com esta situação, o Simpa defende que enfermeiros, técnicos de enfermagem e assistentes sociais aprovados em concurso sejam imediatamente chamados. O Sindicato também exige que sejam garantidos aos servidores de saúde os EPIs e que sejam assegurados estrutura em todos os serviços de saúde, equipamentos, insumos e materiais médicos em quantidade suficiente para garantir a execução do atendimento em saúde de maneira adequada e eficiente. O Simpa também defende a suspensão dos serviços municipais não essenciais e o afastamento imediato do trabalho de servidores de grupos de risco, inclusive nos serviços essenciais.
A crise do coronavírus mostra que sem um sistema público e universal de saúde, sem servidores capacitados e em quantidade suficiente, sem a atuação responsável dos governos, a população pode sucumbir. O Sindicato parabeniza e agradece às trabalhadoras e trabalhadores da saúde pública que, mesmo diante de tantos ataques, são incansáveis na defesa dos princípios do SUS e no atendimento digno da população. E os apoia nesta dura batalha que está apenas começando. Contem conosco, contem com o Simpa.
Direção do Simpa
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