Em luta contra o racismo, centenas de homens e mulheres, jovens e idosos, a grande maioria negra, se concentraram no Largo Glênio Peres, no centro de Porto Alegre, para a Marcha Zumbi Dandara, realizada no início da noite deste 20 de novembro de 2018, Dia da Consciência Negra.
Frente à onda conservadora que tomou conta do país e culminou na eleição de Jair Bolsonaro (PSL), a marcha ganhou também o caráter de resistência contra ações antidemocráticas e que retiram direitos do povo, em especial dos negros, mulheres e LGBTs.
Por isso, a marcha teve como bandeiras a defesa dos territórios indígenas e quilombolas, das religiões de matriz africana, da cultura popular, das cotas e ações afirmativas, do SUS, da assistência social, dos direitos sociais, por emprego e aposentadoria dignos, contra as privatizações, as reformas trabalhista e da previdência e a violência. Além disso, manifestação homenageou a vereadora Marielle Franco e o capoeirista mestre Moa, assassinados respectivamente em março e outubro deste ano.
O Simpa esteve presente, representado pelos diretores Jonas Tarcísio Reis e Ivam Martins. Para o Sindicato, a marcha é um importante elemento da luta contra o racismo e deve ser valorizada e apoiada pela categoria como forma de superação das graves desigualdades que atingem o país.
Dura realidade
O racismo ainda é uma ferida aberta no Brasil. Dados do Atlas da Violência mostram que a cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são negras, população que tem 23,5% mais chances de ser morta. Ao mesmo tempo, mais de 60% dos presos no Brasil são negros.
No universo feminino, as negras também são as maiores vítimas da violência: entre 2003 e 2013, o número de negras assassinadas cresceu 54%, enquanto entre as brancas, caiu 10%. E, de acordo com informações de 2015 da Central de Atendimento à Mulher, 58% das vítimas de violência doméstica são negras.
Quanto aos aspectos econômicos, de acordo com o IBGE, os negros e pardos hoje representam, respectivamente, 14,6% e 13,8% da população desocupada (pessoas que não tinham trabalho e estavam procurando), enquanto a média geral da população é de 11,9%.
Estes são apenas alguns dados que demonstram a urgência de a sociedade brasileira superar a discriminação e as desigualdades impostas ao povo negro desde a escravidão, questões presentes na marcha e na luta cotidiana das mulheres e homens negros do país.
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