Marchezan: o verdadeiro privilegiado

Artigo de Jonas Tarcísio Reis, diretor geral do SIMPA para o Sul 21

 

Marchezan nunca passou fome, nem sede, calor ou frio. Júnior não conhece as dificuldades reais dos trabalhadores que vivem do suor de seu próprio trabalho. Desconhece as dificuldades de sobrevivência da classe trabalhadora nessa selva capitalista. O gestor do Movimento Brasil Livre (MBL) sempre teve um teto seguro. Teve educação em instituições privadas. Nunca precisou pegar transporte público: ônibus lotado, de pé, cansado da labuta ou com sono por ter dormido pouco. Nunca precisou entrar na fila do SINE para procurar emprego, nunca precisou pedir dinheiro emprestado para comprar remédios para os filhos doentes. Tampouco precisou bater na porta do vizinho para tomar emprestado um quilo de arroz. Jamais foi assaltado esperando ônibus, tarde da noite, na rua, ao sair da universidade e/ou escola como fazem os filhos dos mais pobres todos os dias em Porto Alegre.

 

Seu pai, Nelson Marchezan, da ARENA (partido político que deu sustentação à Ditadura Militar), mamava nas tetas podres do regime que atolou o País em mar de sangue por 21 anos. A ditadura que perseguiu trabalhadores, que assassinou militantes que defendiam a democracia, amordaçou a sociedade e entregou o patrimônio nacional ao capital imperialista. Com a grana que seu pai sugava dos cofres públicos sequestrados pelos milicos, seus privilégios de menino mimado eram garantidos. Nelson Marchezan estava junto com Figueiredo na disparada da inflação no Brasil, que saltou de 45% ao ano para 230% ao longo de seis anos de governo, ampliando a dívida externa que rompeu a marca dos 100 bilhões de dólares, comprometendo a nação ao recorrer ao Fundo Monetário Internacional (FMI), em 1982.

 

No sistema da meritocracia, que o prefeito tanto idolatra, ele mesmo reúne todos os requisitos que caracterizam um grande fracassado porque não trabalha, não faz nada, além de ser muito incompetente: sete meses e não produziu nada para seus verdadeiros patrões (os cidadãos de Porto Alegre). Marchezan é como uma máquina de escrever velha, da ditadura, empoeirada, que botaram uma graxa nas peças (deram uma recauchutada), mas a falida peça não consegue expedir mais do que meia dúzia de ofícios destilando ódio e ordenando a perseguição de trabalhadores e movimentos sociais. Nada gera de vantagens ao desenvolvimento socioeconômico da cidade. Gera, isto sim, prejuízos ao futuro. Já deveria ter sido demitido, não desempenha as funções para as quais fora eleito por menos de 30% dos cidadãos da capital. Em empresa privada já estaria na rua da amargura, não completaria nem o contrato de experiência de 30 dias. Marchezan fracassou na vida e surfa apenas no discurso da apolítica onde a sociedade mergulhou.

 

O negócio neoliberal no balcão do PSDB na Prefeitura é uma farra. Tem o lance dos GPS, com o pupilo abancado na PROCEMPA. Tem também a festa da duplicação do salário dos secretários “não medíocres” (Fazenda e Saúde), nas palavras do prefeito. Tem nomeação de puxa-sacos, os Cargos de Confiança (CCs), todo dia, no DOPA, mas não tem nomeação de gente que entra pela porta da frente, a do concurso público. Mesmo assim, por tamanha incompetência gestora e política, Marchezan não é poupado e coleciona críticas diárias dos aliados, nem a encardida receita do “toma lá, dá cá” tem funcionado, diante da precariedade do pseudo chefe do executivo municipal, não gera confiança nem na sua turminha.

 

O fato é que Marchezan Júnior ganhou a eleição com truques de Marketing, apenas isso, pois era um desconhecido. Contando que no segundo turno surfou no discurso da renovação, mas o que veio a governar foi o enferrujado projeto privatista do PSDB, medíocre herdeiro do odiado neoliberalismo inglês de Margaret Thatcher. Quem ganhou a eleição, portanto, foi o marqueteiro esperto. Lógico, Júnior tem só um sobrenome, nada além de um ensanguentado sobrenome que operou nos anos de chumbo, um sobrenome “sabugo” da ditadura. Quem ganhou a eleição em 2016 foi o “sabuguinho” da ditadura, envelopado pelo MBL.

 

O sujeito tem carro oficial com motorista particular que o leva para cima e para baixo, pago com dinheiro público. Tem mais de 95 CCs com os mais altos salários lotados em seu gabinete, para lhe bajularem 24 horas por dia e curtirem suas “criativas” postagens no Facebook. No tal programa “Prefeitura nos Bairros”, uma legião de CCs escoltam o “prefake” para fazer número e dar cenário às fotografias e vídeos gravados que depois vão parar na página do tucano. É um programa Hollywoodiano, é pura ficção cinematográfica: é só invenção, cenografia e efeitos especiais.

 

Sabe, lembramos Dom João VI que costumava, acompanhado por uma legião de serviçais dedicados e prontos a realizar qualquer desejo do monarca, passear pela cidade do Rio de Janeiro, enquanto a maioria dos brasileiros penava em escravidão. Inclusive, a classe média da época via seus impostos serem aplicados apenas nos banquetes e palacetes oferecidos aos puxa-sacos, diariamente. Os tempos mudaram, trocaram os personagens, mas a história se repete como tragédia.

 

Então, dizer que os servidores públicos de Porto Alegre são privilegiados é a grande mentira do prefeito Júnior. Eles não têm nem FGTS. Têm apenas a estabilidade no serviço conquistada depois de três anos de estágio probatório. A estabilidade é uma das poucas armas que o servidor dispõe para barrar as fraudulentas negociatas que tentam a toda hora fazer em diferentes repartições Brasil afora. O único privilegiado nessa história é o “adotado” do MBL, o Júnior, o ídolo do Parcão do Impeachment, da camisa verde amarela tucana, do combate seletivo a corrupção, da turma do Aécio Neves. O mesmo que votou a favor da PEC 241, congelando por 20 anos os investimentos em Saúde e Educação do Brasil. É o prefeito do PSDB, da Deputada Federal Yeda Crusius (governadora do maior escândalo de corrupção da história do RS) que votou pela permanência de Temer no poder, para que ele não fosse investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

 

Esse governo está destruindo Porto Alegre. É inimigo da cidadania e dos direitos sociais. A sobrevivência da cidade está ameaçada. O futuro está em jogo e o destruidor está em campo para devastar a capital dos gaúchos de forma ímpar. Não há saída apenas ouvindo “despacito” ou criticando e lamentando nas redes sociais o encerramento diário das políticas públicas. É determinante gerar ações concretas e pesadas nos bairros e nas vias públicas para barrar o projeto entreguista de Marchezan.

 

Apenas a união de toda a cidadania e de todos os trabalhadores será capaz de expulsar do Paço Municipal o privilegiado e egocêntrico representante da minoria (alto empresariado) da cidade.

 

Pela defesa das políticas públicas para todos e de um Estado voltado a igualdade social, contra os privilégios do Marchezan e dos vampiros do erário público que querem privatizar a água do DMAE e o transporte da Carris, vamos às ruas em unidade meter a boca no trombone porque “meninos mimados não devem reger a nação”!

Mais notícias